segunda-feira, 23 de fevereiro de 2015

Aulas de coreano no Rio de Janeiro!

Ótimas notícias para o pessoal do RJ!

Um amigo meu, Nícolas, está voltando da Coreia do Sul para ficar alguns meses aqui no Brasil (mais especificamente no Rio de Janeiro, onde ele mora), e durante esse tempo ele vai oferecer aulas de coreano para interessados.

Ele é brasileiro, estudante de graduação na Coreia e estará no Brasil de maio a agosto deste ano (2015). 

Ele utilizará o material didático da Ewha Womans University, uma das melhores do país.

Então entrem em contato com ele pelo e-mail rmileli@yahoo.com.br para mais detalhes e aproveitem! ;)

sexta-feira, 13 de fevereiro de 2015

Por que estudar Coreano?

Esta provavelmente é uma pergunta que muitos pais, amigos ou conhecidos seus devem dizer quando você fala que estuda ou que tem interesse em estudar a língua coreana. Não é mesmo?

Motivada primeiramente pela pergunta da leitora Ratinhos Coelhinha (귀엽다! ㅋㅋ), coloquei na minha cabeça que deveria escrever algo a respeito disso aqui no blog. Segundo, minha motivação parte da minha própria experiência quando decidi estudar coreano a sério, lá para 2008. Meu primeiro contato com o alfabeto foi em 2001, quando conheci um professor de japonês que estava aprendendo coreano. Achei aquilo inusitado. E provavelmente devo ter feito a mesma pergunta para ele: Por que você estuda coreano?

Para os que estudam/estudaram inglês: alguém já lhe perguntou isto?
Por que você estuda inglês?

Imagino que sim, mas a resposta de certa maneira já está um tanto quanto implícita. A pessoa sabe e só quer saber a sua resposta, que pode ser, dentre muitas:
  • porque é uma língua universal
  • porque meus pais me obrigaram
  • porque meu trabalho pede
  • porque quero ter uma boa carreira 
  • porque quero viajar pra Miami pra fazer compras
  • porque tenho muitos materiais para ler que só estão disponíveis em inglês
  • porque quero entender letras de música
  • porque tenho preguiça de ler legenda de filme
  • etc.

Ou seja, normalmente a resposta está ligada a uma necessidade EXTERNA a você.

De fato, conheço muitas pessoas que gostam de estudar idiomas, inclusive o inglês, porque gostam de idiomas, e ponto final. Mas a expressão "estudar inglês" já é tão batida e soa tão incômoda como uma tijolada na testa, que a grande maioria torce o nariz quando a escuta, seja você fluente ou não.

O caminho é cheio de pedras para chegar à fluência no inglês.

Agora pensemos no coreano. Quando perguntam para você: "Por que quer aprender coreano?", acredito que cerca de 80% das pessoas que perguntam fazem aquela cara de "Hein?! Por que você não estuda inglês, espanhol, francês, ou qualquer outra língua mais útil?".


Vamos refletir sobre alguns pontos:


1. As pessoas não pensam em idioma como um fim


Elas pensam como um meio. Uma ferramenta por meio da qual pode-se alcançar outra coisa que (esta sim) é importante.

Como uma graduada em Letras, o idioma era meu objeto de estudo. E não somente o idioma e suas amarras sintáticas, semânticas, fonéticas e fonológicas, mas o papel dele enquanto um elemento social e, obviamente, um meio de comunicação, seja por escrito, falado ou ouvido.

Quando aplicado na vida social, é sempre frustrante vislumbrar a desimportância dada aos idiomas enquanto trabalho. Se para uns a língua é um meio de se chegar a algo mais importante, para outros este é o ganha-pão. É um trabalho invisível. Assim como o de tradutor, de revisor, de baixista, de varredor, etc. 
Se tem, ninguém percebe. Se não tem, faz falta. Se está bem feito, ninguém vai notar. Se estiver ruim, vão notar.   
Voltando ao coreano.

Quando lhe perguntam Por que você estuda coreano?, algumas das respostas são:

  • porque quero entender o que as músicas kpop dizem
  • porque quero viajar pra Coreia do Sul
  • porque é diferente e legal
  • porque gosto de línguas orientais
  • porque os(as) coreanos(as) são mais bonitos(as) que os(as) japoneses(as)
  • porque quero arranjar um(a) namorado(a) coreano(a)
  • etc.

Ou seja, normalmente a resposta está ligada a uma necessidade INTRÍNSECA a você.

Da mesma maneira que o inglês, conheço pessoas que estudam coreano por motivos profissionais. Trabalham em empresas coreanas no Brasil e precisam aprender o idioma nem que seja à força. É um caso. Também existem os que querem aprender para conseguir uma oportunidade melhor na carreira, seja no Brasil, seja no exterior (mais especificamente na Coreia, né?).

Eu só falo essas coisas porque eu sou chatona das Letras, tá? hahaha.

Se para você a língua é um meio para atingir um objetivo, não há problema algum! O ponto é: que esse objetivo seja algo genuíno e intrínseco a você, positivamente. ^^


2. Estudar é uma escolha.


Uma das coisas que normalmente falo para meus alunos na primeira aula do básico 1 é: parabéns pela escolha de estudar coreano

Tudo nesta vida é feito por meio de escolhas. Conscientes ou não. Ativas ou passivas. Se não foi sua escolha, foi de outra pessoa, e isso atinge você de uma forma ou de outra.

No estudo de idiomas não é diferente. Decidimos o que queremos estudar, no entanto muitas pessoas não leva a sério o estudo de algo, como o inglês, alegando não ter sido uma escolha própria. Acontece aos montes. E não estou aqui para julgar a atitude de ninguém.

Vamos por uma outra vertente. 

Estatísticas

Segundo estatísticas do IBGE, o Brasil ainda tem um contingente imenso de adultos acima de 25 anos que têm de 0 a 3 anos de estudo... isso perfaz cerca de 25% da população brasileira acima de 25 anos. Ou seja, é MUITA GENTE! 

E quando vemos a quantidade de pessoas no mercado de trabalho concorrendo para vagas de nível superior, percebemos que a fatia dos adultos brasileiros com nível superior é bem grande também (cerca de 11%).... sim, é MUITA GENTE também! E isso nos leva a nos especializar ainda mais.

Mas a quantidade de gente sem estudo no Brasil é ainda... MAIOR!

Então tem um gap muito grande entre esses "MUITA GENTE" aí, não é mesmo?

Se ter acesso a educação básica, como ler, escrever e fazer contas, é escasso e impede muita gente de ter uma renda decente para se sustentar, comprar comida, se vestir e se transportar pra lá e pra cá, então estudar inglês é considerado, sem dúvida alguma, artigo de luxo. 

Considerando esses dados, podemos dizer que de fato educação se trata de uma escolha, pois não são todos neste país que têm condição de pagar pelo estudo do idioma inglês, não é mesmo? 

Se você tem condições, pode-se dizer que a escolha está mais para estudar inglês ou outra língua?
Se você não tem condições, pode-se dizer que a escolha está mais para estudar ou não estudar?


3. Não se inclua na maioria.


Tá, falamos da triste estatística educacional do Brasil. Isso te desmotiva? NÃO DEVERIA! 

Se você está lendo isto aqui e chegou até aqui é porque você tem um mínimo de condição financeira e realmente tem uma certa motivação que vai além da sua própria "forcinha de vontade" que tanto se fala por aí.

Como diz Haruki Murakami no livro Do que eu falo quando eu falo de corrida:

Quando conto para as pessoas que corro todos os dias, tem gente que fica muito impressionada. "Você deve ter uma tremenda força de vontade", às vezes escuto. Claro que é agradável receber um elogio assim. Muito melhor do que ser motivo de desprezo, com certeza. Mas não acredito que seja apenas força de vontade que capacite a pessoa a fazer alguma coisa. O mundo não é assim tão simples. Para dizer a verdade, eu nem acho que exista grande correlação entre o hábito de correr todo dia e essa coisa de ter ou não força de vontade. Creio que fui capaz de correr durante mais de vinte anos por um motivo simples: isso me cai bem. Ou pelo menos porque não acho assim tão doloroso. Os seres humanos naturalmente continuam a fazer as coisas de que gostam, e param de fazer as que não gostam.
Estudar coreano pra você significa se aproximar um pouco de algo que você gosta, que é Kpop e novelas coreanas? ÓTIMO!!!

Acho que muito raramente você encontraria alguém que fala que quer aprender a aplicar o Teorema de Pitágoras porque adora números e quer visitar o túmulo dele na Antiga Grécia (se é que existe um túmulo dele, sei lá, hahaha). Sei lá, a comparação é tosca, mas é esse o espírito.

De uma pessoa apaixonada pelo que faz, seja operar máquina de xerox na papelaria, gerenciar projetos numa grande empresa, ou estudar aramaico, pode-se esperar que o que sair dela vai ser um trabalho bem feito. Se você gosta do que faz, você faz seu trabalho do melhor jeito possível. Seguindo essa linha de raciocínio, ninguém precisa dar um trabalho para pessoas assim para que elas se posicionem no mercado de trabalho. Elas criam seus próprios trabalhos.


Resumindo:

Se o incentivo para fazer algo foi genuíno e vier de dentro para fora, as chances de a empreitada ser um sucesso aumentam exponencialmente! 

Se for o contrário, de fora para dentro, já sabe, né... ninguém gosta de ser obrigado a nada. O que nos leva ao próximo tópico.


4. Ninguém é obrigado de nada.


Lembre-se de que ninguém é obrigado a fazer nada nesse mundo. Se você não se sente à vontade fazendo algo imposto, simplesmente não faça. Faça outra coisa. Mas faça. Faça algo.

Inglês pode não ser seu forte. Quem sabe coreano? Quem sabe italiano? Quem sabe o próprio Português? A questão é encontrar algo que te chame a atenção. Não precisa ser sua vocação nem nada muito sério assim. É simplesmente coisas que te mantém vivo. E não vivo no sentido de continuar com o coração batendo. Vivo de espírito, de vontade de continuar a fazer o que você estava fazendo quando teve que parar.

Um dos "conceitos" de felicidade que ouvi uma vez e que mais me sinto confortável em pensar é:

Felicidade é quando você não quer que algo acabe.

Portanto, como já disse uma vez Neil Gaiman:

The one thing that you have that nobody else has is you. Your voice, your mind, your story, your vision. So write and draw and build and play and dance and live as only you can.

A única coisa que você tem e que ninguém mais tem é você mesmo. Sua voz, sua mente, sua história, sua visão. Então escreva, desenhe, construa, brinque, dance e viva como só você consegue fazer.

Essa foi a frase que mais me fez sair debaixo da nuvem negra que cobria minha cabeça há anos. Me incentivou a viver, a manter minha vontade de acordar todos os dias e fazer algo que me deixe com mais vontade de continuar no dia seguinte ao me deitar.

Por último, gostaria que pensássemos neste próximo ponto importantíssimo que muitos se esquecem em relação ao aprendizado:


5. Crie experiências a partir do que você gosta e sabe fazer.


A parte mais importante do aprendizado é esta: criar experiências.

Mas como assim?

Bom, todos sabemos que o aprendizado se divide grosseiramente entre teoria e prática, certo? No entanto, muitos se limitam a fazer do aprendizado somente uma teoria/estudo, imaginando que o restante vem após a apreensão da teoria.

ERRADO PENSAR ASSIM!

O aprendizado pede necessariamente a prática, mas não quero dizer somente aquele negócio de "vamos praticar, repetindo o diálogo do livro". (dull) nooo~

Quero dizer a iniciativa de colocar a si mesmo em situações que lhe tragam experiências reais de aprendizado.

Uma coisa é o aprendizado que sugamos do livro: os conceitos começam a se juntar e fazer algum sentido na sua cabeça, recebendo informação e a processando. OK.

Outra coisa é utilizar estas informações que estão se desenvolvendo na sua cabeça, de modo a retornar a você mesmo como uma forma de aprendizado totalmente diferente do "entendimento mecânico da coisa".


Exemplo: o próprio idioma coreano. 

  • Você quer aprender o idioma? Ótimo! Gosta de kpop? Melhor ainda! Junte a fome com a vontade de comer. Faça o interesse no aprendizado algo saudável a partir de fontes que lhe tragam prazer. 
  • Você quer aprender coreano e adora cozinhar? Junte as duas experiências numa só. Vá estudar culinária coreana! 
  • Ou então, estuda relações internacionais? Foque os estudos na Coreia enquanto uma potência, ou então a influência que a cultura oriental tem no ocidente (coisas do tipo) e arranje uma bolsa de estudos! 
  • Adora literatura? Foque em literatura coreana e mande ver. Profissionais com conhecimento nisso é extremamente escasso no Brasil.
  • Gosta de tecnologia e games? O mundo de games na Coreia do Sul é IMENSO! É uma ótima oportunidade para arranjar um trampo por lá, ou que seja uma bolsa de estudos também. 

Um parêntese importante: no Brasil, profissionais com idioma coreano fluente ou intermediário ainda são peças raras. Empresas coreanas estão cada vez mais trazendo investimentos para cá, portanto fique de olho! Professores de coreano estão cada vez mais sendo procurados, e os salários são ótimos. Essa galerinha que está se inscrevendo no programa do governo Ciências sem Fronteiras e está indo para a Coreia do Sul estão certíssimos! E não pense que isso é SONHO. Já é uma realidade. O mais importante, além de ir pra lá, é poder trazer para cá o que aprende no exterior. Esse é o motivo de existir bolsas de estudo.
  
O ponto é: precisa existir um ponto de equilíbrio em tudo o que fazemos. Você pode sim, sem problema algum, querer estudar coreano somente por gostar de kpop. Como um hobby, é perfeitamente aceitável e saudável. No entanto, se você acha que precisa haver uma razão a mais para cada investimento seu (ou se alguém está te cobrando que este investimento haja algum retorno), faça desse estudo algo produtivo, com os exemplos acima citados.

Às vezes essas oportunidade aparecem quando menos esperamos. Aparecem quando fazemos algo bem feito, simplesmente porque gostamos. Se você cozinha bem porque gosta que a comida esteja gostosa, é natural receber um elogio, não é mesmo? E bem capaz que muita gente possa dizer "Por que você não abre um restaurante?", ou algo do tipo.

Sempre pode haver algum caminho C ou D, algo fora do planejado, dependendo de como enxergamos nossas opções de escolhas. As opções são inúmeras. O mundo é cheio de oportunidades! É aquela velha história: há espaço para todos. 

Detesto quando dizem que "o mercado está saturado". Afffe. A vida neste planetinha onde moramos é feito por seres humanos. Seres humanos são feitos de carne e osso, são mortais, vulneráveis, indecisos, e sempre cometem erros. Por que você acha que as coisas são imutáveis? Que não há espaço para você? Nós fazemos o mundo... 

Voltando aos idiomas...

Uma dica para estudantes de idiomas é tentar utilizar o idioma com um nativo sem pensar simplesmente em estar certo ou estar errado gramaticalmente. Se a pessoa do outro lado entender, sucesso! Se não entender, arrume. Não é assim que aprendemos o Português desde que nascemos? O negócio é sentir que o idioma aprendido "funciona". Essa sensação é impagável.


Um adendo pessoal: só me tornei fluente de fato em inglês porque comecei a namorar um americano quando morei nos EUA... americano-coreano. Então existe aí uma razão a mais que faz o aprendizado se tornar uma experiência. Assim o aprendizado sai do nível estudar por estudar, pois você se coloca em situações em que é preciso fazer uso de ferramentas que você nunca imaginou utilizar. A vida é assim, em todos os âmbitos.

Ou por algum momento você imaginou que ao sair da faculdade você aplicaria algo que aprendeu? Eu, sinceramente, somente apliquei meus conhecimentos aprendidos na faculdade na vida pessoal. E com a experiência da vida pessoal, a vida profissional ficou mais fácil. É questão de experiência dos anos vivendo, trabalhando e vivenciando o que nos propomos a vivenciar.

Por isso que aprendizado é algo que requer tempo. Um tempo que não é possível dar Fast Forward nem Rewind. Mas que você decide se quer dedicar um tempo da sua vida para isso.


Conclusão


Falei muito, né? Vamos só fechar tudo de um modo bem simples:

Faça do estudo de coreano algo saudável, com aplicações reais e que estejam ligados com algo intrínseco a você. Isso vai lhe proporcionar naturalmente experiências interessantes que vão intensificar seu aprendizado. Não só do coreano, mas da vida em si.


Boa sorte!

Tenha um ótimo dia ^^